DESVENDANDO O P&L

 



Recordo-me, há alguns anos, quando uma planilha como a acima nos foi apresentada na disciplina de Gestão Financeira na pós-graduação. Espanto geral!!! A verdade é que o profissional de marketing muitas vezes não está acostumado a lidar com números, e quando isso realmente é preciso, o espanto é inevitável.

A planilha acima nada mais é do que a famosa planilha de P&L. A sigla é contração do inglês “Profits & Losses” e, em português, significa “Lucros e Perdas.” Trata-se de um relatório que informa a saúde financeira de um produto, uma linha de produtos, um departamento ou mesmo de uma empresa como um todo (para efeito deste artigo, usaremos genericamente a expressão “unidade de negócios”).

Com este relatório, é possível saber qual é a venda, os gastos administrativos, custos, investimentos e tudo mais que pode impactar na lucratividade de uma unidade de negócios. Mas como funciona?

Para responder a esta pergunta, precisamos entender a estrutura do P&L, que está baseada em três pilares interligados: Vendas, Custo e Lucro. Uma unidade de negócios, ao vender seus produtos e abater seus custos, terá o seu lucro. Este é o princípio do P&L.

A conta abaixo pode parecer simples (realmente é), porém é de fundamental importância para o gerenciamento do P&L. Da sua análise aprendemos que para se aumentar o lucro existe duas formas: aumentar as vendas, ou diminuir os custos.




Por “Vendas” devemos considerar toda a receita direta (Faturamento Local, Exportação e Licitações) da unidade de negócios proveniente da sua atividade econômica, sempre indicada em valor monetário. Este valor é encontrado através da multiplicação do volume total vendido (em unidades) e o preço de venda. Substituindo nossa fórmula, teremos:




O “Custo” deve ser entendido como todo o custo de fabricação relacionado com o produto da unidade de negócios. Neste devem ser contemplados apenas custos relacionados diretamente à fabricação, como matérias-prima, mão-de-obra, energia elétrica, manutenção, entre outros. Não inclua custos não relacionados à fabricação (como propaganda, por exemplo). Nossa fórmula, então, passa a conter estes custos:




Deste modo, temos o “Lucro Bruto”, também chamado de “Margem Bruta” ou “Gross Margin”, sendo gerado da subtração de vários elementos. Será o Lucro Bruto que deverá pagar os investimentos, os salários da força de vendas e staff, entre outros. Para facilitar a visualização, podemos colocar a mesma equação de outra forma, como abaixo:




Veja que nossa planilha já está ficando da mesma forma que o P&L. A partir deste ponto, precisamos incluir os custos não relacionados com a fabricação, como investimentos em publicidade, vendedores, logística, engenharia, jurídico, compras, etc. Todos estes custos serão debitados do Lucro Bruto. Após tudo debitado, teremos enfim o P&L completo, como a seguir:




Existem muitas variáveis que devem ser analisadas no gerenciamento do P&L, mas um bom entendimento da sua estrutura ajuda na identificação de oportunidades. Poderíamos elencar diversos exemplos de uso do P&L no planejamento de ações e estratégias, porém você, caro leitor, com certeza deve ter se lembrado de alguma situação que lhe ocorreu quando foi gerenciar resultados, certo? Por isso, convido você a dividir conosco esta experiência. Pode ser algo que você tenha sentido dificuldade, dúvidas, facilidade, ou até mesmo uma “sacada” memorável. Comente agora mesmo! Aguardamos seu comentário.


Att,
Luiz

Comentários

  1. Muito bom! O P&L realmente é um mistério a ser desvendado...

    Abs
    Dp

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  2. Adorei a explicação, ficou tudo mais claro! Obrigado

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  3. MOLEZA É SÓ CUIDAR DE CUSTOS DE MERCADORIA ,HORAS EXTRAS E GASTOS DESNECESSARIOS QUE SEU P&L FICA UMA BELEZA E SEU CHEFE VAI FICAR CALMINHO..... .

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  4. O correto não seria Despesas administrativas em vez de custos?

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  5. Escrevi isso acima, porque em contabilidade custos e despesas são nomeados diferentemente.

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    1. O amigo leitor que postou o comentário do dia 07/10/11 tem toda razão... tecnicamente o correto seria "Despesas Administrativas". Contudo, para efeito deste artigo, procuramos simplificar a liguagem, unificando os conceitos de "custos", "gastos" e despesas. Obrigado por sua contribuição

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  6. O cancelamento de vendas impacta o P&L? De que maneira? Onde entra no cálculo?

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    1. Ao amigo que postou seu comentário no dia 11/10/11, minha opinião é que o cancelamento de vendas impacta basicamente de três diferentes formas no P&L:
      1) A primeira, quando o cancelamento ocorre antes de fabricado o produto. Neste caso, basicamente só a Linha de Vendas no P&L é que deixa de receber a somatória adicional;
      2) A segunda forma ocorre quando o cancelamento acontece depois de fabricado o produto mas ainda não entregue (caso que ocorre principalmente para produtos não estocados). Nesta situação, seu custo de fabricação aumentou e a sua venda não, diminuindo o seu lucro bruto.
      3) A terceira situação ocorre quando o cancelamento ocorre por devolução do produto (depois de enviado ao cliente). Neste caso, além do impacto no custo de fabricação (aumentando), você terá que deduzir as vendas já computadas e terá que subtrair do seu lucro bruto os custos de frete, já que o produto foi enviado ao cliente e retornou à você.

      Por causa destes transtornos todos é que devemos evitar ao máximo o cancelamento. Um bom planejamento de marketing deve incluir isto em pauta se este for um risco do negócio.
      Grande abraço

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    2. Sérgio Oliveira - Prof. universitário22 de agosto de 2014 às 10:54

      No meu modo de ver o amigo que postou sobre Cancelamento de Vendas se referiu ao tópico 3, por ocasião da devolução de vendas por parte dos clientes, as quais contabilmente serão deduzidas da Receita Bruta no mês de competência, ou seja, no mês que as devoluções retornaram para o estoque.

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  7. Ola, tenho uma duvida, quais são os criterios que devo usar para elaborar uma P&L REGIONAL ?

    Obrigado,

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    1. Olá, Amigo! Desculpe a demora em respondê-lo. Esta é uma ótima pergunta.
      Atualmente pouquissímas empresas conseguem, efetivamente, elaborar um P&L regional. Isto porque há uma enorme dificuldade em fazer o "split" das despesas e custos. Imagine por exemplo que você precisaria reconhecer qual a porcentagem de uso do depto jurídico, por exemplo, nas diversas regiões e alocar corretamente no P&L regional.
      Por isso, para facilitar, alguns autores defendem a tese de que é melhor fazer um "mini-P&L" por área, levando em consideração os custos de produção, investimentos regionais e faturamento. Isto tem apenas uma ressalva: a somatória do lucro das regiões nunca vai ser igual ao todo (pois há aí algumas despesas não divididas com a regiões). Se tiver interesse em mais detalhes, entre em contato conosco pelo e-mail gerenciandoprodutos@gmail.com

      Grande abraço,

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  9. O comentário acima é típico de quem não tem nada a acrescentar. O Luiz Teixeira contribuiu bastante com o texto e é isto que é notado?

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  10. ele esta dando uma aula de p & L para quem buscou saber o que é isso, e naum uma aula de inglês, e se vc fosse tao inteligente assim, naum estaria aqui procurando por respostas, PALHAÇO!

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  11. Boa tarde! Tenho uma dúvida, o valor do faturamento demonstrado no P & L é o bruto ou o liquido sem impostos. obrigado.

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    1. Bom dia! Respondendo sua pergunta: geralmente o P&L é feito com faturamento líquido, sem impostos, mas nada impede que você faça com faturamento bruto. Só é bom que isto fique muito claro ao se dividir o P&L com outra pessoa.
      Em geral, as empresas fazem o P&L com informações líquidas para se ter um melhor gerenciamento de cada linha.
      Abraço

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  12. Além de complexo é raro encontrar um professor com didática para ensinar sobre esse assunto.

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  13. parabéns pelo post... excelente...

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  14. Parabens pelo post - explicado de maneira simples e muito facil de entender.

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  15. Parabens pelo post! Simples e esclarecedor

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  16. Respostas
    1. Olá, amigo! Geralmente esta análise é feita líquida, ou seja, livre de impostos. Já vi algumas empresas colocarem o faturamento bruto com impostos e depois destacarem o faturamento líquido em outra linha, deixando a entender que a diferença entre um e outro é o total de imposto, mas isto até hoje foi exceção. Abs e obrigado por sua contribuição.

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  17. investimento comercial entra onde? (para rebaixa de preço por exemplo)

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    1. Amigo, não tenho bem certeza de que entendi sua pergunta, mas de qualquer forma, vamos lá: desconto em preço impacta diretamente o faturamento ( que vai ser menor) e o preço médio cai. Agora qualquer outro investimento comercial, como materiais de merchandising, bonificações, catálogos, Displays*, entre outros, são despesas alocadas em custos administrativos, depois do lucro bruto.

      *exceção feita aos Displays que são o próprio produto em exposição, que geralmente são ativados no estoque e contabilizam apenas os impostos da exibição. São exposições com retorno previsto e, quando este retorno ocorre, a empresa se credita do imposto ora debitado.
      Abs e obrigado por sua contribuição

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    2. frete entao entra em custos adm?!

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